Date: | Sunday, 07 March 2010 |
Time: | 22:00 - 22:30 |
Location: | Fábrica Braço de Prata |
Description
SOLOS COM CONVICÇÃO, são um conjunto de trabalhos performáticos criados por seis bailarinas/criadoras pertencentes a uma jovem geração de artistas portuguesas. Tomam a História de algumas mulheres singulares e de forte personalidade do tempo da 1ª República, para a partir desta criarem pontos de vista próprios, coreográficos e dramatúrgicos.
São peças curtas de cariz contemporâneo prontas a habitar jardins, coretos, espaços de lazer e de ar livre.
A razão deste programa de solos femininos está na vontade de celebrar este grupo de mulheres carismáticas e corajosas, possuídas por uma energia por ventura semelhante à energia da dança. Souberam avançar no arranque do século, por um território, onde a voz masculina predominava e conquistaram com cautela e firmeza um lugar e uma presença. Esse lugar não se perdeu. Hoje muitas vezes sem darmos por isso, usufruímos dessas conquistas que valorizam de forma séria, o contributo feminino para a sociedade. Curiosamente, na História da Dança Ocidental, também foi e continua ainda a ser importante levantar esse género de voz. O discurso coreográfico está ainda arredado da atenção de muitos. Tomámos também por isso, o facto dos jardins terem ganho evidência durante a 1ª República, como lugares de encontro e debate público, de lazer colectivo e de descanso. Decidimos apresentar estes trabalhos nas relvas ou dentro de coretos, lugares por excelência de convergência artística, onde através dos tempos, as bandas filarmónicas tomaram o seu lugar, outra conquista de prática musical e comunitária deste tempo que se comemora.
Cada intérprete/ criadora seguiu um rumo. Um rumo seu, ora mais evidente na utilização de aspectos relativos à obra e personalidade de uma ou mais destas mulheres, ora optando por agarrar simplesmente aspectos, elementos marcantes e presentes nos seus percursos de vida e tratá-los de maneira evocatória e mais abstracta. Atmosferas, incidentes, sentimentos, caminhos, fatalidades e conquistas são algumas das pedras de toque destas peças novas também elas de alguma forma republicanas.
Madalena Victorino
Para onde vamos? É o título de um dos escritos de Maria Veleda. Esta frase representa para mim, o muito que as mulheres conquistaram, mas também o quanto ainda é necessário fazer, para assumirmos um papel cada vez mais presente em todos os campos da vida social e politica.
Foquei-me na figura da Maria Veleda, construindo uma performance onde as suas palavras se juntam a de outras de mulheres desta época. É uma peça que foca a ideia de discurso, onde o corpo está imerso em palavras (que ainda hoje são actuais). Ao longo da performance o público vai-se tornando em participante de um evento, que se vai construindo pouco a pouco, até se transformar e transformar o público em manifestantes.
Filipa Francisco